Publicidade: Multimodalidade, Intertextualidade e persuasão num texto audiovisual


Introdução:

Este trabalho tem o objetivo de realizar uma análise da intertextualidade, segundo Bazerman (2021), presente entre o videoclipe da música Thriller, do falecido cantor Michael Jackson, e a publicidade da operadora de Televisão por assinatura, SKY, protagonizada pela ex-modelo Gisele Bündchen, assim como uma segunda análise da persuasão, segundo Tellis (2004), existente na referida publicidade.  

Primeiramente, vamos destacar três conceitos-chaves presentes na publicidade e pertinentes nesse estudo, a multimodalidade, a  intertextualidade e a persuasão.

Por publicidade, tomamos o entendimento de Barthes (1993). Para o autor,

Toda publicidade é uma mensagem: com efeito, ela inclui uma fonte de emissão, que é a empresa à qual pertence o produto lançado (e elogiado), um ponto de recepção, que é o público, e um canal de transmissão, que é justamente o que é chamado de suporte de publicidade; [...] (BARTHES, 1993, p. 239, tradução nossa[1])

A partir dessa visão da publicidade como mensagem, e sabendo que a publicidade também constitui uma atividade humana, podemos, de acordo com Bakhtin (2016), compreendermos a mensagem publicitária como um gênero discursivo. Isso, porque, o autor atrela o uso da linguagem às atividades humanas, ao defender que o tipo de discurso, se publicitário, político ou acadêmico etc vai depender da instância discursiva própria da prática social a que pertence. E essa linguagem é empregada através de enunciados que são um reflexo das peculiaridades de cada prática social. Enunciado e gênero estão imbricados em uma relação constitutiva. Gêneros são formados por enunciados que são a forma gramatical e estilística[2] próprias de determinada prática social, no caso em questão, o publicitário.

Uma característica do gênero publicitário é o seu apelo multimodal, ou seja, sua “multiplicidade de linguagens, semioses e mídias envolvidas na criação de significação” (ROJO, 2013, p.14), logo, por multimodalidade entendemos ser a reunião desses diversos códigos semióticos de significação.

Isto posto, destacamos que o uso, sempre recorrente, de intertextualidades, também se insere nessa prática multimodal de multiplicidade de linguagens e semioses nos textos contemporâneos, principalmente os com apelo mais persuasivo, como o publicitário.     

Segundo Bazerman (2021, p. 142), intertextualidade são “relações explícitas e implícitas que um texto ou um enunciado estabelecem com os textos que lhe são antecedentes, contemporâneos ou futuros (em potencial).”que evocam a representação da situação discursiva.

A publicidade deseja conquistar corações e mentes através da persuasão.   Tellis (2004, p. 126,127) define persuasão “como uma mudança de atitude, de comportamento ou de opinião” através da razão “ou por outros meios mais sutis que não envolvem nenhum raciocínio. Exemplos deste último incluem o uso de pistas, como endossantes, e emoção, como medo ou alegria.”

Esse apelo publicitário e suas vias de persuasão retomam os estudos aristotélicos da retórica, para os quais a arte do bem dizer se constituiria de três pilares, o Logos, baseado na lógica, na razão dos argumentos; no Ethos, no caráter, na credibilidade e na confiança passada pelo enunciador e no Pathos, na emoção, nos sentimentos e empatia do público ou do texto. 

Após essa breve introdução das linhas gerais do nosso trabalho, podemos passar para a análise do nosso corpus. Como já citamos, nosso corpus se constitui do videoclipe da música Thriller, do falecido cantor Michael Jackson e da publicidade da operadora de Televisão por assinatura, SKY, protagonizada pela ex-modelo Gisele Bündchen.

O icônico videoclipe Thriller foi lançado em dezembro de 1982, “revolucionou as regras da promoção musical e se tornou rapidamente um fenômeno mundial.” (AGÊNCIA EFE, 2018, on-line). Foi dirigido pelo cineasta John Landis, até então conhecido por dirigir filmes de sucesso como Os irmãos cara de pau (1980) e Um lobisomem americano em Londres (1981).


Fonte: https://youtu.be/sOnqjkJTMaA, acesso 21 nov. 2022

A videoclipe da música Thriller, que  dá nome ao álbum, “foi incluído em 2009 no Registro Nacional de Cinema da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos por ser considerado como o ‘vídeo musical mais famoso’ da história.” (AGÊNCIA EFE, 2018, on-line).

Neste ano, em 18 de novembro, a gravadora Sony Music juntamente com e a entidade Estate of Michael Jackson, criada após a morte do cantor, pretendem lançar o Michael Jackson Thriller 40, uma comemoração aos 40 anos de Thriller.

A publicidade Mansão Sky, foi lançada em 2013, portanto, 31 anos após a estreia de Thriller, data comemorativa. Quem assina a criação é a agência Giovanni+DraftFCB, com produção da empresa brasileira O2 Filmes e da estadunidense Boxes.  

Fonte: https://youtu.be/oofwJqRVovg, acesso 21 nov. 2022

A publicidade é uma paródia, utilizando o humor, do videoclipe Thriller. Nela, a ex-modelo Gisele Bündchen, que foi garota propaganda da marca SKY, interpreta uma vampira que mora em uma mansão mal-assombrada com outros personagens, que remetem à filmes de terror. A trilha sonora da publicidade, é a música Thriller.

Teorias

Esta primeira análise do estudo da intertextualidade entre as cenas dos vídeos, supracitados, é baseada em Bazerman (2021). O nosso corpus se constitui de um referencial antecedente, o vídeo clipe Triller do falecido cantor Michael Jackson, e um outro, que o evoca de modo consciente e explicitamente, a publicidade da operadora de televisão por assinatura, SKY.

Bazerman (2021) categoriza, em seis, os diferentes modos de representação da intertextualidade e da interdiscursividade: 1) Citação direta, onde as palavras do autor original são reproduzidas fielmente, sendo identificada pelo uso de aspas, recuo de margem, itálico etc. 2) Citação indireta que identifica a fonte, mas o autor utiliza de suas próprias palavras para expressar “a sua interpretação ou a sua perspectiva diante do texto inicial.” (BAZERMAN,  2021, p. 147). 3) Menção a uma pessoa, a um documento ou a declarações, esse tipo de intertextualidade requer que do leitor conhecimento prévio da texto referente, pois não detalha o significado nem a relação com o texto original. 4) Comentário ou avaliação acerca de uma declaração, de um texto ou de outra voz evocada, pode representar o posicionamento ideológico, o juízo de valor do autor.   

Segundo Costa (2022, on-line)As duas últimas técnicas são mais implícitas e, portanto, são consideradas como representativas da interdiscursividade” são elas: 5) Uso de estilos reconhecíveis, de terminologia associada a determinadas pessoas ou grupo de pessoas, ou de documentos específicos, neste caso, o autor procura a interdiscursividade entre o seu texto e o de outro(s) já estabelecido(s) e reconhecido(s) e 6) Uso de linguagem e de formas linguísticas que parecem ecoar certos modos de comunicação, discussões entre outras pessoas e tipos de documentos, a utilização de gêneros discursivos, de frases feitas, de expressões próprias de uma determinada instância discursiva em outra.   

No nosso corpus encontramos todos os tipos de intertextualidade explícita, acima descritos.  Sendo assim, realizaremos a análise em tabela sugerida por Bazerman (2021, p. 156).

[...] crie uma tabela, listando todas as ocorrências na primeira coluna, [...] Na segunda coluna, escreva como cada referência é expressa: se através de citação direta, citação indireta ou apenas uma paráfrase ou descrição [...]. Logo após, na coluna seguinte, você pode começar a interpretar a intertextualidade, fazendo comentários acerca de que maneira ou com que finalidade aquele elemento intertextual está sendo usado no texto atual.

        Os tópicos para as ocorrências foram tirados de Costa (2022, on-lineReferências Textos Multimodais Fixos e em Movimento, são eles, no total: 1) Filmagem real, trechos reais da obra referenciada são utilizados; 2) Personagem ou objeto, são as referências, diretas e/ou indiretas, a uma personagem ou objeto; 3) Visuais, referências, diretas e/ou indiretas, ao aspecto visual, à fotografia, por exemplo, da obra; 4) Enredo, avaliar se a obra realiza uma referência direta, indireta ou é a continuação do enredo da obra original. 5) Citações, direta e/ou indireta; 6) Música, referência direta, sem alterações e/ou indireta, semelhante, não idêntica; 7) Sons, referência direta e/ou indireta de  sons emitidos pelas personagens e/ou pelos objetos inanimados; 8) Mencionar ou comentar de forma direta e/ou indireta o título da obra original; 9) Fraseado ou terminologia reconhecível; 10) Idioma e formas, uso de “linguagens e outras formas utilizadas nas propagandas que ecoam filmes ou séries de televisão além de se referirem a uma fonte específica.” Desses dez tópicos listados pela autora, encontramos os de número 2), 3), 4), 6) e 7), 8) e 10) e é com eles que iremos trabalhar em nossa tabela, (ver tópico Análise 1).

 

No capítulo oito, Publicidade como persuasão, que integra a parte três, Descobertas de estudos experimentais: como e por que a publicidade funciona do livro Publicidade eficaz: entendendo quando, como e por que a publicidade funciona, o autor, Gerard J. Tellis foca nos “princípios amplos de persuasão, como as rotas de persuasão, persuasão de baixo envolvimento e o papel da repetição na persuasão.” inseridos em uma análise maior sobre a persuasão na publicidade, entendendo, segundo o autor, “persuasão de anúncio como uma mudança de atitude, de comportamento ou de opinião” através da razão “ou por outros meios mais sutis que não envolvem nenhum raciocínio. Exemplos deste último incluem o uso de pistas, como endossantes, e emoção, como medo ou alegria.” (TELLIS, 2004, p. 126,127).

Tellis (2004) salienta que, apesar de existirem inúmeras rotas de persuasão e uma farta literatura sobre cada uma delas, o modelo de probabilidade de elaboração mostra-se uma estrutura sintética que consegue explicar todas as várias vias da persuasão e suas razões. Tal modelo foi modificado pelo autor a fim de “organizar todos os modos de persuasão e todos os tipos de apelos.”  a partir do pressuposto de que o ‘caminho’ pelo “qual um anúncio convence os consumidores depende do quanto eles pensam sobre a mensagem do anúncio.” (TELLIS, 2004, p. 127)

Figura 01 modelo de probabilidade de elaboração adaptado por Tellis (2004)




Fonte: (TELLIS, 2004, p. 127)

De acordo com esse modelo, existem duas rotas a serem tomadas caso a audiência esteja motivada para processar as informações da peça publicitária, a rota central, de argumentação forte, e a rota periférica, de endossantes e pistas. Caso não haja a motivação, as pessoas expostas ao anúncio terão um processamento passivo.   

Segundo Costa (2022, on-line) “Essas rotas incluem o uso de argumentos (Logos), endossantes (Ethos) e emoção (Pathos), respectivamente (Tellis 2004: 112–113).” Termos da retórica aristotélica que explicamos anteriormente.

A rota central, segundo Tellis (2004) é ‘percorrida' quando o público tem a motivação e a capacidade de avaliar a mensagem, o texto publicitário, ou seja,  “Quando a probabilidade de pensar sobre o anúncio é alta, os consumidores em potencial “procurarão e responderão a argumentos fortes em favor da mensagem e contestarão o que eles acham que são razões fracas.” (TELLIS, 2004, p. 127).

É por essa rota central que a persuasão, através do uso de argumentos, com mensagens ancoradas na razão (Logos) realiza-se. A eficiência desse ‘caminho’ vai depender da predominância ou não de pensamentos favoráveis sobre a mensagem. A persuasão será ineficaz se houver neutralidade ou equilíbrio entre os pensamentos negativos e positivos.

Segundo Tellis (2004), dentre as várias estratégias de persuasão através da razão, pela rota central, seis tipos merecem destaque são eles: comparativos, refutacionais, retóricos, inoculativos, de enquadramento e de apoio.”

Os argumentos comparativos confrontam uma marca alvo a algum padrão competitivo, que pode ser: uma marca concorrente nomeada, uma marca concorrente não nomeada ou uma indústria em geral. Os refutacionais rebatem algum contra-argumento da concorrência contra a marca anunciante. Os retóricos fazem uma pergunta ao concorrente alvo em vez de um contra-ataque. Os inoculativos usam mensagens de salvaguarda contra ataques da concorrência, defendendo a posição da marca junto aos consumidores. Os de enquadramento usam anúncio de apresentação da concorrência de maneira trivial, pouco atraente, mas sem críticas, com o objetivo de mudar o ponto de referência dos espectadores. E os de apoio, que não envolvem uma marca concorrente, diferente de todos os argumentos anteriormente citados, este anúncio foca nos atributos positivos do anunciante.

A rota periférica acontece quando “[...] os consumidores têm a motivação, mas não têm a capacidade de avaliar uma mensagem” porém, é provável que respondam às dicas associadas à mensagem” que são as “pistas de persuasão, são a presença de um endossante” como por exemplo, “a fama de um endossante, o glamour do meio, o custo do anúncio, a cópia florida ou o número de argumentos no anúncio (em oposição à força dos argumentos)” (TELLIS, 2004, p. 128).

A emoção (Pathos), e por emoção Tellis (2004, p. 164) entende ser “um estado de excitação. Por exemplo, raiva, orgulho, afeição e tristeza implicam certos níveis e qualidades de excitação.” usada em mensagens publicitárias percorre a rota periférica e usa artifícios bem diferentes da argumentação, os quais já explicamos aqui. Segundo o autor, comparando com os argumentos, as emoções são mais fáceis de lembrar e têm estímulos mais fáceis de seguir.

O anúncio emotivo se utiliza de diversos estímulos para despertar as emoções do público-alvo, como “personagens, imagens, música, sequências de eventos ou humor. [...] A emoção despertada então convence o destinatário à ação em um dos três modos: implícito, explícito ou associativo.” (TELLIS, 2004, p. 165).

No modo implícito, o anúncio incorpora tão convincentemente a mensagem publicitária nas personagens e no enredo, que por sua vez é interessante ao ponto de deter a atenção do público, que esse tem empatia com as personagens e acredita na mensagem.

No modo explícito, a marca  se posiciona a respeito de algum assunto e deixa claro o seu juízo, com ou sem argumentos, mas prioriza o uso da emoção através da “simpatia (sentimento a favor ou contra eventos ou atores) em vez de empatia como no modo implícito” (TELLIS, 2004, p. 165).

No modo associativo há o despertar da emoção por estímulos que apenas tangenciam o produto. O consumidor é instigado, pelo anúncio, a associar a marca ao sentimento excitado.

A emoção possui tanto vantagens, “não levanta as defesas naturais dos espectadores”; “exige menos esforço do espectador”; os estímulos são mais interessantes; são mais fáceis de lembrar e “a emoção pode levar à mudança de comportamento mais imediatamente do que a lógica” como desvantagens, o modo implícito necessita de mais tempo; as emoções despertadas podem obliterar a marca, a mensagem central do anúncio; se a mensagem se utilizar de emoções negativas, essas podem ser desagradáveis para o público e se a marca usar emoções muito fortes, o consumidor pode entender que a mensagem está     explorando, se aproveitando, de uma situação (TELLIS, 2004, p. 168).

Como vimos, a emoção pode ser despertada através de vários estímulos, aqui, vamos nos ater ao humor e à música, pois a publicidade que iremos analisar invoca esses dois componentes.  

O humor, segundo Tellis (2004, p. 170, 173) “pode ser definido como um estado emocional transitório e generalizado que não é direcionado a nenhum objeto ou atividade em particular.” Sua principal característica é a incongruência indolor. Indolor porque não deve ridicularizar ou ofender ninguém. Seu elemento essencial “é a incongruência entre dois elementos que o comunicador reúne. A resposta do público é de surpresa, pois a união dos dois elementos é inesperada e inusitada.”

O uso do humor é recomendado porque relaxa o interlocutor, desperta sentimentos de surpresa e entretém, atrai e prende a atenção do público e o envolve na resolução da piada.  

A música está intimamente atrelada ao humor, uma vez que, tem como uso mais comum, estabelecer humor ou despertar emoções. A música “[...] pode permanecer na memória como um jingle cativante. Pode acentuar certos elementos visuais ou dramáticos de um anúncio. A música pode até acrescentar significados ao anúncio.”

 

  Os endossante são indivíduos que emprestam o seu Ethos, a sua credibilidade e prestígio social à uma mensagem publicitária. Podem ser de três tipos: especialistas, celebridades e endossantes leigos.

A própria intitulação dos tipos é sugestiva, os endossantes especialistas podem ser indivíduos, mas também organizações, que o público reconheça como tendo conhecimento especializado sobre o tema abordado no anúncio. As celebridades são pessoas muito famosas, como cantores ou desportistas. Já os endossantes leigos são pessoas comuns, personagens desconhecidos ou fictícios que se tornam garoto-propaganda de uma marca.

Em relação aos modos, os endossos podem ser “explícito: ‘Eu endosso este produto’ Implícito: ‘Eu uso este produto’ Imperativo: ‘Você usa este produto' Passivo: Mera aparência com o produto” (TELLIS, 2004, p. 205).    

Já o processamento passivo ou processamento de baixo envolvimento ocorre na falta tanto da motivação como da capacidade de processar a mensagem publicitária. “Nesta situação, é provável que respondam ao humor e ao drama” (TELLIS, 2004, p. 128).

Análise 1

Aqui, faremos a análise da intertextualidade do corpus, em tabela,  segundo Bazerman (2021).

 

Ocorrências

Tipo de intertextualidade

Interpretação

2) Personagem ou objeto:

- Gisele Bündchen como uma vampira

 

 

- Demais moradores da mansão SKY

 

 

 3) Menção a uma pessoa, a um documento ou a declarações

 

 

5) Uso de estilos reconhecíveis, de terminologia associada a determinadas pessoas ou grupo de pessoas, ou de documentos específicos

A personagem de Gisele Bündchen aparece como a líder dos moradores da casa mal-assombrada, em referência indireta ao próprio Michael Jackson que também aparece, no videoclipe, como o líder dos mortos-vivos.

A diversidade apresentada na representação de personagens do terror é arquetípica, remete ao gênero cinematográfico do terror e também ao videoclipe de Thriller e seus zumbis, pois o próprio clipe é um ícone do gênero.    

3) Visuais

 6) Uso de linguagem e de formas linguísticas que parecem ecoar certos modos de comunicação

A publicidade se vale do uso arquetípico para referenciar os visuais clássicos do gênero terror, como uma casa mal-assombrada, e escura, névoa, velas, personagens assustadores, como o Frankenstein, um lobisomem, um fantasma   e uma bela vampira de cabelos pretos.  

4) Enredo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2) Indireta

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

Algumas cenas remeteram à letra da canção. No início da publicidade o técnico da SKY entra na casa escura e tem seus passos vigiados pelos quadros e pelos moradores, ele tenta fugir, mas é sempre impedido até que a personagem da Gisele Bündchen aparecendo, como uma vampira, e ele a olha paralisado,  concomitantemente, a canção diz: “É quase meia-noite
Algo maligno está espreitando na escuridão
Sob o luar
Você tem uma visão que quase para seu coração
Você tenta gritar
Mas antes o terror lhe tira a voz
Você começa a congelar
Enquanto o horror te olha bem nos olhos
Você está paralisado Porque isto é terror“
  

- Diálogo/Fala

 

4) Comentário ou avaliação acerca de uma declaração, de um texto ou de outra voz evocada, pode representar o posicionamento ideológico, o juízo de valor do auto

Quando a personagem da Gisele Bündchen  diz: “Ainda bem que agora a gente tem SKY, porque essa casa estava meio morta, né?" posicionando-se sobre a  marca e fazendo uma piada.

6) Música:

-Thriller

1) Direta

A trilha sonora é a música Thriller original, do cantor Michael Jackson

7) Sons

5) Uso de estilos reconhecíveis [...]

Os sons são também do arquétipo do gênero terror, como o de uivos, assobio do vento, grasnar de um corvo, madeira rangendo etc

8) Mencionar ou comentar de forma direta e/ou indireta o título da obra original

2) Indireta

Na locução da publicidade: “Terror é não ter SKY, ligue 4004.1111, compare e mude já" Aqui, a palavra terror é A tradução do título da música Thriller.

10) Idioma e forma [...]

2) Indireta

Como já explicamos, a publicidade televisiva se utiliza de arquétipos do gênero terror, que por estarem inseridos em um comercial humorístico, e não em um filme de terror,  fazem referência indireta

 

Análise 2

Agora, a análise se restringe à publicidade da operadora de televisão por assinatura, SKY, segundo do Tellis (2004). 

A publicidade segue a rota periférica, utilizando-se da emoção (Pathos) de modo explícito, com a ex-modelo Gisele Bündchen, e não a personagem vampira, aparecendo, ao final, falando o slogan da marca: “SKY, você na frente, sempre", sendo esse um modo de endosso explícito. A emoção é despertada através do humor, combinada com o estímulo da música, Thriller.  O endossante (Ethos), é  do tipo celebridade, com a ex-modelo Gisele Bündchen.

A mensagem publicitária sugere que a operadora de televisão por assinatura, SKY, vai proporcionar vida, entretenimento e união entre os moradores da casa. Isso porque a personagem principal diz: “Ainda bem que agora a gente tem SKY, porque essa casa estava meio morta, né?" enquanto estão todos os moradores da mansão SKY estão reunidos assistindo à televisão e irem da piada. Já a mensagem da locução do comercial: “Terror é não ter SKY, ligue 4004.1111, compare e mude já", no contexto da publicidade, insinua que a SKY é a melhor operadora e que as outras são um terror.   

Conclusão

           Por fim, gostaria de sintetizar o trabalho, aqui apresentado, retomando o seu título, Publicidade: Multimodalidade, Intertextualidade e persuasão num texto audiovisual. A partir desses conceitos-chaves avaliamos que a peça publicitária analisada é multimodal, se utiliza de diversos códigos semióticos de significação, como o visual e o sonoro, com o propósito de persuadir o consumidor, constrói uma mensagem baseada na intertextualidade com o videoclipe Thriller com estímulos emotivos (Pathos) baseados no humor, na música e no endossante (Ethos) tanto da ex-modelo Gisele Bündchen como do falecido cantor Michael Jackson.   

Referências:

AGÊNCIA EFE. 'Thriller', clipe de Michael Jackson que revolucionou a música, completa 35 anos. Disponível em: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/noticia/2018/12/02/thriller-clipe-de-michael-jackson-que-revolucionou-a-musica-completa-35-anos.ghtml. Acesso em 19 nov. 2022.

BARTHES, R. La aventura semiológica ediciones. PAIDOS. Barcelona ... 2.º edición, 1993

BAZERMAN, C. Gênero, agência e escrita / Charles Bazerman; Angela Paiva Dionisio (Organizadora), Judith Chambliss Hoffnagel (Organizadora e Tradutora) – 2. ed. – Recife: Pipa Comunicação, Campina Grande: EDUFCG, 2021.

COSTA, G. Intertextualidade (Bazerman, 2004). Disponível em: https://giseldasantoscosta.blogspot.com/2022/10/intertextualidade-bazerman2004.html Acesso em 17 out. 2022.

COSTA, G. Persuasão na publicidade. Disponível em:  https://giseldasantoscosta.blogspot.com/2022/11/persuasao-na-publicidade.html Acesso em 17 out. 2022.

MICHAEL JACKSON. Michael Jackson – Thriller (Official 4K Video), YouTube, 2009. (13m42s). Disponível em: https://youtu.be/sOnqjkJTMaA Acesso em: 29 out. 2022.

MRLovaticVEVO. Novo Comercial da SKY 2013 – Mansão SKY, YouTube, 2013. (01m01s). Disponível em: https://youtu.be/oofwJqRVovg Acesso em: 29 out. 2022.

O ESTADO DE S.PAULO. Michael Jackson: 'Thriller' ganhará versão comemorativa de 40 anos.  Disponível em: https://emais.estadao.com.br/noticias/gente,michael-jackson-thriller-ganhara-versao-comemorativa-de-40-anos,70004139408. Acesso em 19 nov. 2022.

ROJO, R. H. R. Gêneros discursivos do Círculo de Bakhtin e multiletramentos. In: ROJO, R. H. R. (Org.). Escola conectada: os multiletramentos e as TICs. São Paulo: Parábola, 2013. p. 13 – 36.

ROJO, R.; MOURA, E. Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012.

TELLIS, G.J. Argument as Persuasion In: ______. (org.). Effective advertising: understanding when, how, and why advertising works. California: Sage publications, 2004, p. 126 – 149.

TELLIS, G.J. Argument in Advertising In: ______. (org.). Effective advertising: understanding when, how, and why advertising works. California: Sage publications, 2004, p. 151 – 162.

TELLIS, G.J. Emotion in Advertising In: ______. (org.). Effective advertising: understanding when, how, and why advertising works. California: Sage publications, 2004, p. 164 – 195.

TELLIS, G.J. Endorsement in Advertising In: ______. (org.). Effective advertising: understanding when, how, and why advertising works. California: Sage publications, 2004, p. 197 – 212.

VARGAS, H. ; POLISTCHUK, D. ; GONÇALVES, R. Terror para Vender TV por Assinatura: Uma Análise do Comercial da SKY. Comunicação & Sociedade (Online) , v. 38, p. 193-215, 2016. 


Anexo:

Tradução música Thriller

 

Terror

É quase meia-noite
Algo maligno está espreitando na escuridão
Sob o luar
Você tem uma visão que quase para seu coração
Você tenta gritar
Mas antes o terror lhe tira a voz
Você começa a congelar
Enquanto o horror te olha bem nos olhos
Você está paralisado

Porque isto é terror
Noite de terror
E ninguém vai te salvar
Da fera prestes a atacar
Você sabe, isto é terror
Noite de terror
Você está lutando pela sua vida
Em uma mortal
Noite de terror

Você ouve a porta bater
E percebe que não há mais pra onde correr
Você sente a mão fria
E se pergunta se verá o amanhecer
Você fecha os olhos
E espera que seja apenas sua imaginação
Meu bem, mas enquanto isso
Você ouve uma criatura se aproximando por trás
O seu tempo acabou

Porque isto é terror
Noite de terror
Não há segunda chance
Contra o monstro de quarenta olhos, meu bem
(Terror)
(Noite de terror)
Você está lutando pela sua vida
Em uma mortal
Noite de terror

As criaturas da noite chamam
E os mortos começam a andar com suas máscaras
Não há como fugir dos dentes do alien agora
(Eles estão abertos)
Este é o fim da sua vida

Eles vão te pegar
Os demônios estão te cercando por todos os lados
Eles vão te dominar
A menos que você aperte o número certo no telefone
Agora é o momento
Para eu e você ficarmos juntos
A noite inteira
Eu vou te salvar dos horrores na tela
Farei você entender

Que isto é terror
Noite de terror
Porque eu posso te aterrorizar mais
Do que qualquer fantasma poderia ousar
Terror
Noite de terror
Então me deixe te abraçar

E compartilharmos
(Uma assassina, aterrorizante)
Noite de terror aqui

Porque isto é terror
Noite de terror
Garota, eu posso te aterrorizar mais
Do que qualquer fantasma poderia ousar tentar
(Terror)
(Noite de terror)
Então me deixe te abraçar
E compartilharmos uma
(Mortal, aterrorizante)

Eu vou te aterrorizar esta noite

A escuridão cai sobre a terra
A meia noite está muito próxima
As criaturas rastejam em busca de sangue
Para aterrorizar sua vizinhança
E quem quer que seja encontrado
Sem condições de escapar
Deverá encarar e enfrentar os cães do inferno
E apodrecer dentro dos restos de um cadáver

Eu vou te aterrorizar esta noite
(Terror, terror)
Eu vou te aterrorizar esta noite
(Noite de terror, terror)
Eu vou te aterrorizar esta noite
Ah, meu bem, eu vou te aterrorizar esta noite
Noite do terror, meu bem

O pior odor está no ar
O cheiro abafado de quarenta mil anos
E os carniçais pálidos de cada tumba
Estão se aproximando para selar seu destino
E embora você lute para sobreviver
Seu corpo começa a tremer
Porque nenhum mero mortal consegue resistir

 

Fonte: https://m.letras.mus.br/michael-jackson/295689/traducao.html, acesso em 21 nov. 2022


 






[1]Toda publicidad es un mensaje: en efecto, comporta una fuente de emisión, que es la firma a la que pertenece el producto lanzado (y alaba do), un punto de recepción, que es el público, y un canal de transmisión, que es precisamente lo que se denomina el soporte publicitario; [...]” (BARTHES, 1993, p. 239)

[2] Volóchinov (2019a, p. 269, apud Barbosa e Di Fanti, 2020, p. 187)


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